06 agosto 2016

Que visão maravilhosa foi aquela... do Brasil... do Rio 2016?

A visão da cerimônia de abertura do Rio 2016, na favela da Mangueira.

Foi absolutamente espetacular, emocionante, arrebatador... maravilhoso! Talvez a melhor cerimônia de abertura já realizada em uma Olimpíada. Quando só se falava em caos, num país meio à deriva, em busca de novo rumo, onde até a tocha olímpica teve dificuldade para circular nas ruas, enfrentando protestos e ventos contrários, correndo o risco de se apagar, o Rio 2016 brindou o mundo com algo inesquecível. Até o roteiro deste filme magnífico se encaixou divinamente no protagonista de última hora, escolhido para deixar acesa a chama do Maracanã. Se Pelé, o atleta do século passado, hoje com menos saúde, não pôde ser o último a transportar a tocha olímpica, o seu substituto, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, foi, sem dúvida, um digno representante deste incrível Brasil de contrastes, entre a realidade, por vezes cruel, o jeitinho diferente de viver, a ficção, o sonho e a visão... de um destino melhor... da cidade maravilhosa.   

E olha que coisa mais linda, mais cheia de graça... é ela, menina que vem e passa... a coisa mais linda que eu já vi passar... ah, se ela soubesse que quando ela passa o mundo inteirinho se enche de graça e fica mais lindo por causa do amor! Que visão foi aquela das passadas estupefacientes de Gisele Bündchen como Garota de Ipanema? E a viagem de Santos Dumont no seu avião, assim, à vista de todos, voando... como em 1906? Ficção ou realidade? E as luzes que recriaram as batidas do mar, trazendo... a surpresa, das caravelas, para os índios... a surpresa, de um mundo novo, para as caravelas? As mesmas luzes que deram vida às florestas da Amazônia, também abriram clareiras com o desmatamento, ligaram escravos a correntes, trouxeram gente de todas as raças, deram cor a um país... colorido... de sonho... criatividade... cultura... samba... música... de Tom Jobim, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho...

O Brasil é também um país de esporte... de Pelé, de Oscar e Hortência, dos irmãos Grael, de Jacqueline e Sandra, de Guga, de Ademar Ferreira e João do Pulo, de... Vanderlei Cordeiro, aquele mesmo que, em 2004, se viu no pódio com a medalha de ouro ao peito, o povo em delírio cantando o nome de um novo herói, o homem da maratona, ainda por cima em Atenas, o berço dos Jogos Olímpicos. Mas o destino foi cruel, quando, perto da glória e longe dos principais adversários, se viu arrastado para fora da pista de corrida por um tresloucado espectador, talvez enviado por Hades, o Deus grego dos mortos e do inferno. Mas se existe um Deus brasileiro como dizem, deve ser o da perseverança, aquele que faz acreditar no dia de amanhã. Ultrapassado, Cordeiro de Lima não desistiu e correu pela prata, de sorriso no rosto, o mesmo de ontem ao acender a pira olímpica, um retrato visto em todo o planeta, o de um povo que merece ser feliz.

Alguns dos protagonistas da noite: Vanderlei Cordeiro, Santos Dumont e Gisele Bündchen.

17 janeiro 2015

A cidade do futuro é em espiral

A cidade do futuro pode flutuar em alto mar ou submergir para fugir do mau tempo.

A população da Terra vem crescendo a um ritmo frenético. São mais de 7 bilhões de pessoas, concentradas sobretudo nas cidades. Novos bairros surgem do nada, como se fossem cogumelos, e se alastram em todas as direções das periferias O futuro gera muitas dúvidas e ninguém se atreve a imaginar quantos bilhões de pessoas a superfície terrestre ainda será capaz de suportar. Mas a verdade é que todo esse frenesim de gente ocupa somente 30% do nosso planeta. 70% são dos oceanos. O incrível é que mais de 95% desses mares ainda são inexplorados. Surge agora um novo conceito de cidade. É a Espiral Oceânica, em alto mar

Essas cidades futuristas foram projetadas por uma empresa japonesa, a "Shimizu Corporation", e teriam capacidade para albergar cerca de 5 mil pessoas. Estruturas em espiral permitem-nas flutuar na superfície dos oceanos ou submergir o suficiente para fugir do mau tempo. Elas seriam totalmente sustentáveis, com auto-suficiência em água e energia, por exemplo. A água do mar seria dessalinizada para se tornar bebível e a energia termal dos oceanos seria transformada em eletricidade. A aquacultura permitiria o cultivo de organismos aquáticos para alimentação e as emissões de COteriam uma estação de armazenamento e reutilização.    

Tudo começa com uma esfera de 500 metros de diâmetro que flutua no mar como uma nave espacial. É o Jardim Azul ou "Blue Garden", onde ficam hotéis, espaços residenciais e complexos comerciais. Seriam áreas extremamente confortáveis, com alterações mínimas de temperatura. A estrutura em espiral tem cerca de 4 mil metros de profundidade e liga a cidade a uma estação de pesquisa localizada no fundo do mar, denominada Fábrica Terra ou "Earth Factory". O investimento é grande, na ordem dos 25,5 bilhões de dólares, o que torna esta ideia algo inviável, mas em 2030 já poderão começar a aparecer cidades no mar, como cogumelos.  
Uma estrutura em espiral liga o "Blue Garden" ao "Earth Factory".

25 maio 2013

Sonhos d'África: Guiné-Bissau

taolifestudio.com

A África é um campo de sonhos minado por uma gestação difícil, um parto mais difícil ainda e uma luz do dia sem brilho, que se perde entre mil sombras. Mas se os dias em boa parte do continente se mantêm assim, tristes e melancólicos, as tardes terminam com um sol radiante, belo e alegre como o seu povo, querendo anunciar um amanhã de esperança, um futuro grandioso. Hoje é o Dia de África, dia dos 54 países africanos que integram a ONU (Organização das Nações Unidas), dia da Guiné-Bissau, um país de gente maravilhosa e enorme na capacidade de resistência, um país que é berço de grandes personalidades como Amílcar Cabral, como Carlos Lopes. 

Amílcar Cabral foi um intelectual guineense, de costela cabo-verdiana, que um dia comandou a união entre Guiné-Bissau e Cabo Verde na luta pela independência. Infelizmente, não sobreviveu para ver os dois países já soberanos e donos dos seus destinos, mas o sonho dele contagiou a todos em sua volta. Vencido o colonialismo, cada um seguiu o próprio caminho. No caso da Guiné-Bissau, se a guerra em suas matas já tinha sido traumática, o pós independência foi ainda pior, marcado por grande instabilidade política, com vários golpes militares, líderes assassinados, inúmeros governos interinos e a ameaça de se tornar um mercado de drogas.

Quando a Guiné-Bissau alcançou a independência em 1973, Carlos Lopes tinha 14 anos. Sociólogo de profissão e Ph.D. em História da África, ele é hoje o africano com o mais alto cargo na hierarquia da ONU, desempenhando a função de Secretário Executivo da Comissão Econômica para África. Especialista em planejamento estratégico e regularmente convidado a dar palestras em grandes universidades, este guineense, de costela cabo-verdiana como Amílcar, transmite de forma brilhante o legado de Cabral. O seu discurso nos faz acreditar que a Guiné-Bissau encontrará a solução para sair das sombras e vislumbrar a luz radiante de melhores dias. 

Guiné-Bissau, berço de grandes personalidades: Amílcar Cabral, Carlos Lopes... 

26 novembro 2012

O homem supersónico

Fotomontagem, imaginando como seria o salto de Baumgartner, desde a estratosfera
 
Base jumping é aquela modalidade em que os seus praticantes ficam pulando daqui e dali. Mas não saltinhos de dança. Eles pulam de penhascos, pontes, antenas, prédios, sempre aterrissando de pára-quedas. Enfim, essa "brincadeira" é para quem gosta de emoções fortes, de adrenalina, da vida no fio da navalha. O austríaco Felix Baumgartner é o mais louco de todos e o mais criativo também. Já tinha saltado do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; tinha atravessado 35 km do Canal da Mancha, utilizando uma asa portátil, feita de carbono; e agora, veio em queda livre, desde a estratosfera, para ultrapassar a velocidade do som, até cair na Terra... com vida.

Este salto foi preparado minuciosamente, desde 2005. Nos bastidores, uma grande equipe, formada por engenheiros, médicos e meteorologistas, avaliou todos os riscos dessa mega-louca-operação. Na estratosfera, o ponto de ebulição dos líquidos ocorre abaixo dos 36,5º C da temperatura do corpo humano, que é 70% feito de água. Significa que, sem uma roupa com o isolamento adequado, essa água tende a ferver e a morte virá logo a seguir. Continuar vivo dependeria também da posição do corpo no momento do mergulho. Se ele pulasse com o corpo torto e os pés desalinhados, começaria a girar descontroladamente, perderia os sentidos e seria o seu fim.

Por ter subido até lá em cima, Baumgartner bateu o recorde do voo mais alto em um balão tripulado por um ser humano. Foi uma viagem de, mais ou menos, 3:15 horas. Depois vieram os recordes do salto mais alto, desde 39.045 m de altura; e da maior velocidade em queda livre, a 1.342,8 km/h, o que ainda lhe permitiu quebrar a barreira do som. A queda livre durou 4 minutos e 22 segundos e o pára-quedas foi acionado a cerca de 1.615 m do solo. A viagem de regresso durou 9 minutos e 9 segundos. Para a história ficam as primeiras palavras do homem supersónico: Às vezes é preciso subir muito alto para compreendermos o quanto somos pequenos.  
 
A 39 mil metros de altitude, terá sido essa a visão da Terra, por Felix Baumgartner

25 outubro 2012

Tubarões, Cabo Verde e o mundo


O mundo do futebol ficou assustado com o ataque mortífero dos "Tubarões Azuis" à capital dos Camarões. Os "Leões Indomáveis", detentores de 4 títulos de campeões de África, uma medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Sidney e 6 presenças em Copas do Mundo, foram completamente estraçalhados pela fúria desses predadores que habitam as ilhas de Cabo Verde. Todo o planeta está agora em alerta, sobretudo na África do Sul, onde se prevêem novas vítimas. Mas lá, esses insaciáveis "tubarões" deverão fazer apenas uma boquinha. O maior receio é que resolvam atravessar o Atlântico, até ao Brasil, para barbarizar na Copa de 2014.

Foi realmente um feito extraordinário, a qualificação de Cabo Verde para a CAN (Copa de África das Nações), eliminando os Camarões de Samuel Eto'o, que é hoje o maior salário do futebol mundial. Depois de passar por Madagáscar, poucos acreditavam que tão pequeno país, de apenas 500 mil habitantes, fosse capaz de superar um bicho papão de quase 20 milhões de pessoas e a experiência de 5 participações nas 6 últimas edições das Copas do Mundo. Mas a vitória de 2-0 na cidade da Praia mostrou que era possível. No segundo jogo, mesmo perdendo (1-2), Cabo Verde conseguiu escrever definitivamente o seu nome no mapa do futebol mundial 

O arquipélago da morabeza já não será notícia apenas pelos filhos que brilham em clubes e seleções de outros quadrantes. A presença de Cabo Verde entre os 16 países que disputarão a CAN/2013, na África do Sul, dá início a um novo ciclo. Os seus jogadores, ou melhor, os "Tubarões Azuis", vão poder mostrar ao mundo as cores de um país feito de luta e sacrifício, que até já sonha com a presença num Mundial da FIFA. Mas os novos heróis cabo-verdianos podem ainda levantar a bandeira da preservação desses animais tão maltratados e, no entanto, fundamentais para o equilíbrio dos mares. O mundo não deve ter medo deles, dos tubarões.

Tubarões azuis e o futebol de Cabo Verde no mundo

10 outubro 2012

O bichinho da matemática na Índia


Era uma vez um projeto de escola igual a muitos outros. A escola era alemã. Na sala, a dada altura, o professor se lembrou de um tal problema matemático que Isaac Newton tinha deixado sem solução antes de morrer. Mas foi algo dito apenas por mera brincadeira. Afinal de contas, não deixa de ser engraçado haver um enigma com mais de 300 anos de idade e que ninguém tenha conseguido solucioná-lo. Portanto, aquilo não era para ser levado a sério. Só que, entre os alunos, estava Shouryya Ray, um adolescente indiano de 16 anos. E para surpresa geral, dias depois, com a maior naturalidade deste mundo, ele aparece com o problema resolvido.  

A minha sensação é de que tal proeza só podia vir de um indiano. Não sei o que torna a Índia tão especial quando o assunto é fazer cálculos, mas que o bichinho da matemática está no sangue daquele povo, acho que não há dúvida nenhuma. Conta-se que, no longínquo ano 5000 a.C., existiu, nessa região da Ásia, uma civilização extremamente avançada para a época. Esse povo já utilizava sistemas de escrita, contagem, pesos e medidas. Vestígios da cidade onde viveram indiciavam ruas largas, habitações de tijolos com banheiros ladrilhados, redes de esgotos subterrâneos e piscinas públicas. Além disso, construíam canais para irrigação.

Tudo indica que esse povo tão à frente do seu tempo foi completamente dizimado. Mas não a sabedoria! Alguma carga genética, por eles transportada, perdurou através de sucessivas gerações, até os dias de hoje. E este novo gênio, como já lhe chamam os alemães, começou a brincar de fazer cálculos por influência do pai, quando tinha apenas 6 anos. Mas, com toda a certeza, o tal bichinho da matemática já estava presente num subconsciente qualquer, aguardando um pequeno estímulo para aflorar. A partir daí, calcular o percurso exato de um projétil, sob a influência da gravidade e da resistência do ar, foi mais uma brincadeira para Shouryya Ray.    

Assim começa a vida de um gênio da matemática na Índia

31 março 2012

Ciência e cinema

FOLHA.com

James Cameron é um homem de recordes, talvez o cineasta mais mediático de Hollywood. Foi ele que dirigiu "Avatar" e "Titanic", simplesmente os dois filmes de maior bilheteria da história do cinema. "Titanic" foi também o mais laureado de todos os tempos, com 14 nomeações e vencedor de 11 Óscares, entre eles o de melhor diretor. Mas Cameron é também explorador da National Geographic e foi nessa condição que se tornou o primeiro homem a descer sozinho a Fossa das Marianas, até ao ponto mais baixo dos Oceanos, a 11 quilômetros de profundidade, através de um submersível que ele próprio desenhou.

O mini submarino Deepsea Challenger (Desafio do mar profundo), de 8 m de comprimento, faz parte de um projeto com o mesmo nome, iniciado há 7 anos, numa parceria entre a National Geographic e a Rolex. As paredes do submersível foram revestidas por uma espuma sintética que encolhe até 6,4 cm e permite suportar a enorme pressão naquela profundidade. Além disso, carregou um sistema de luzes capaz de iluminar até 30 m de distância e um braço robotizado para recolher amostras de rochas e animais. Também não podiam faltar as câmeras de alta definição para filmar os detalhes da região, tudo em 3D.

Foi preciso uma boa preparação física e mental, com corrida e ioga, para que James Cameron estivesse habilitado a concretizar uma missão que durou 2:36 horas. "Mal posso esperar para dividir com vocês o que estou vendo", foram as suas primeiras palavras ao chegar lá em baixo. Pensou estar em outro planeta e garantiu que as imagens captadas terão um valor científico muito grande. Tais filmagens servirão também para documentários e futuros filmes, incluindo a continuação de "Avatar". Quanto a nós, fãs dos espetaculares filmes de James Cameron, já estamos ansiosos aguardando pelo que aí vem.

O Deepsea Challenger Desafio do mar profundo